hetero-definições existenciais

«sou muito sociável, mas pouco social», afirmou pedro tamen, em entrevista ao último jornal de letras.
encontro-me muito melhor nas palavras alheias. sou uma estrangeira de mim.

próximos estudos

a função sinédoque nas águas fluviais e pluviais de tarkovsky.

o sol que não o de verão

num poema intitulado «democracy», d.h lawrence fala do sol- liberdade em cada homem. o mesmo poema - que não copio por não estar certa da sua versificação copiada, no caderno onde o leio - termina com estes versos: i feel that when people have gone utterly sunless they shouldn´t exist.

o verso com mais angústia de todos os meus verões.

dear bartleby,

depois de ter trocado as datas de um encontro consigo numa esplanada espinhense, lady jane perdeu a ferramenta telefonadora portátil enquanto resolvia inesperadas tramas narrativas em cidade vizinha.

que pena a telepatia ser tão inoperante.

testamentário

a minha menor desculpa é que o que em mim escreve quase nunca stá pensando.

os meus amigos famosos e eu

o luís, muito regalado e aposto que cheio de vontade de corar...

e agora sem mais nenhum trompe l´oeil , pois já agustina se faz comparecer neste reino islandês.

louça de viana

no último fim-de-semana, em viana do castelo, uma feira do livro; viva a província, é um manifesto que hei-de escrever, se o futuro me perdoar.
no garimpo, acabei por trazer l ´attente de dieu, simone weill, acompanhado de zazie no metro, raymond queneau, que achei por bem avizinhar de rum, por blaise cendrars. não esqueci um imprescindível conforto saxónico e adicionei uma antologia de coleridge, ao estilo menina de letras.

no fim, a generosidade cristã permitiu-me ainda recomendar um chesterton que partiu de viana por mãos que não as minhas.

mentes perigosas

recomenda-se woody allen, refere-se joyce, problematiza-se fellini e a identidade(?) europeia. discute-se a ontologia portuguesa. parece que há referências políticas, perdoe-se o aristotelismo, é sabido que somos do clube platão. recomenda-se? erro de cogitação, a recomendação é demasiado prescindível para ser levada a sério. a pergunta fica: para quando agustina bessa-luís?

quadra à falta de alka seltzer

o teu era uma vez não inicia nenhuma história da carochinha
a sê-lo eras um grande e enorme lobo mau
desses que vão aos ciclos de cinema
e conhecem a história do pensamento ocidental em 34 linhas.

wanted

recebo um comentário que diz: estás viva, afinal.
a prova de que não me conhecem.

recado àquela tipa e àquele tipo, mas sobretudo à primeira

podia dizer: desejo que sejas feliz.

mas é inútil: os fantasmas não sorriem.