tirsdag, august 30

epistemologia

conhecer de nome é uma restritiva epistemológica interessante, todavia inteiramente ineficaz.
como conhecer de vista. ou por alto. ou já ter ouvido falar. ou saber, mas não se lembrar. ou de repente não estar a ver.
afinal, o pudor da contemporaneidade é a assunção de um desconhecimento.

mandag, august 29

playground

quando leonard cohen escreveu alexandra leaving teve por mote a alexandria de cavafy. mudou a cidade amada por uma mulher amada.
aqui encontram-se os dois: o poema de cavafy e a letra do tema de cohen.

dois homens, um conceito

josé cardoso pires
leonard cohen
jonnhny walker wisdom

søndag, august 28

jojó e a reencarnação

-bem, jojó, francamente não sei. mas não se apoquente, as personagens esquecidas têm até uma boa vida...o que tem feito?
-li la recherche inteirinha,converti-me ao budismo e tirei um curso de puericultura por correspondência.

continuação nas torneiras de freud

ir para fora lá bem para fora

lørdag, august 27

sono

o sono incha o corpo e torna-o muito distante.o sono serve para o cérebro boiar. quando o cérebro bóia, há uma piscina nos olhos. nessa piscina é de noite e os sonhos são quem nada.
às vezes, vem outro corpo à piscina. se o reconhecemos, acordamos felizes. quando não o reconhecemos, tem-se medo e aparece um precipício.
às vezes, cair do precipício é chover no coração. o coração tem um segredo que voa,mas o corpo é fechado, por isso o coração não sai.

quando a mão faz um desenho o mundo cresce. os desenhos são os mesmos desenhos quando mudam de lugar e o sono também sabe escrever desenhos, mas os desenhos que o sono faz chamam-se sonhos.
e os sonhos também são quem nada na piscina.a piscina que é de noite dentro dos olhos quando o cérebro bóia.quando o sono incha o corpo. agora. isto.

mandag, august 22

ela quer uma

por isso, fechou o blogue e só regressa no outono:

de battre



depois do sangue, o que sobra numa mão esmurrada?



e se disserem que nos enlevamos com o filme, simplesmente porque há um tipo que tanto gosta dum bom murro, como se senta ao piano para enfrentar bach, replicamos :mais altos valores cinéfilos se levantam.

coitadinho´s love story

não sei quem te ensinou essa mania, esses suspiros â la lamartine. não sei quem te deixou pensar que havia kleenex dentro dos poemas e, por isso, a função do verso era fungar-lhe as desgracinhas. deixa-te lá disso.

fredag, august 19

não há nos versos teorias da salvação
e nem os poetas andam aqui a complicar-nos a vida
verso a verso passamos todos, um dia a menos
ou a mais, depende da contabilidade existencial.
um dia svestimo-nos de palhaço triste, outros de senhor contente que lava o carro
porque é sábado de manhã e o perfume do detergente promete
muito mais do que pode ser. oh, terras da abundância ao virar da esquina
e mais duas octanas e meia.
tantos cigarros fumados e os dois pulmões inteirinhos
parecem dois barcos, dois enormes petroleiros no meio do corpo,
será isso? os pulmões são o meio do corpo? podia ser o coração
mas isso era problemático, ficávamos logo a cair para o lirismo.
nada disso, não quero dizer como pensar em ti me alarga o corpo
fico tão grande que me perco e quanto maior, mais só
então quero-me ao largo, pequeno e miúdo, com este cigarrinho de muleta.
é disso que gosto nos cigarros, amparam-me os lábios, sustentam-nos
se não fosse assim acho que já tinha deixado cair os beiços
sim, beiços, palavra de recorte neoclássico, sim, sim, lê o gonzaga a carpir
ele também inventou que tinha um coração
maior que o mundo e tramou-se.
os poetas andam todos malucos, verso a verso mais pequenos
os dedos enfiados no hemistíquio, acham que se safam assim
ah,insanos
foram achando que à falta de reza, viriam os versos.
passo de carro, comboio, avião, a cada dia passo e apresso a morte
hei-de passar tão rápido que será como se tivesse sempre dormido
mas vamos mudar de estrofe:

um dia faço um cometa e fujo. sim, sim, a luz em um país perdido
verso a verso me visto e me vejo sempre nu;
verso a verso faço zapping mas a vida não muda.
adeus, adeus, demorado adeus, oh artérias minhas
adeus, adeus, solidão das quartas-feiras. um dia faço um cometa.
nada disto está certo
que é como quem diz
isto tudo está errado
sempre a mesma coisa
dor de barriga
dor de corno
oh, minha nossa senhora das dores
agora e na hora da nossa morte para quê tantos jornais?
tantas religiões para este punhado de deuses adormecidos?
tantos reis na terra e só dois palmos para morrer nela.
sonho que sou o cavaleiro errante
tantas moças por casar e tu mar, tanto mar para quê se ainda durmo?
maragosto, maramado
o que é bom é que no fim do mar começa o outro lado do mundo
o mundo está sempre a começar, é o problema de ser redondo.
oh, pedro nunes, pedro nunes
também a morte é assim, o outro lado deste sono.
vamos descer outra vez de estrofe:

as pessoas gostam muito de enfeites
deve ser por isso que a uns lhes dá para os versos.
a sorte é que as pessoas também gostam
de enfeites e saídas ao domingo.
tanta fé que aqui havia, fé e tremoço,
depois deu-lhes para o paganismo dos centros comerciais
e sobraram estes werther perdidos no tempo
a nortada quase que os leva, não devia ser mau, sair assim
voando, levado pela nortada
espinho ao largo, corpo ao largo, ao largo oh.
não, nada disso.
antes um cometa, um dia faço um cometa e fujo.
adeus, adeus ó tgv
adeus, adeus palmeiras da beira-mar
adeus laranjeira, tu, só tu,
adeus números primos , catpillers, escala de richter
adeus, oh.

sociologia nos serões da província

os luso-descendentes preferem falar francês, mas envergam, invariavelmente, camisas de futebolistas portugueses.

leituras de verão

E como esses também há os que fedem a inteligência.

Anjo Ancorado, José Cardoso Pires

dúvidas nada metódicas

se diante de mim estiver um cinzeiro, mas eu não acreditar na existência dos mesmos, poderei ver um cinzeiro?

protector solar

anuir demasiadas vezes acarreta uma penosa consequência: a perda de sentido estético.

onsdag, august 17

leituras de verão III

O pudor é essencialmente uma virtude breve.

Jorge de Sena, Os Amantes

run, run, run

ficar adulto corresponde a um tipo de atletismo: é o atletismo direccionado.
só as crianças têm a suprema habilidade de correr sem querer chegar a lugar algum.

guindaste

( ainda preciso do teu nome para acontecer um mundo )

metas,barbarismos e alguma salada russa

aceitar o real numa tal medida que ele me pertença mais do que eu a ele.

leituras de verão II

Se uma pessoa saudável for um mau escritor, então não passa de um escritor doente.Se um doente for um bom escritor, então faz parte, como escritor, do mundo dos sãos.

R. Walser, « Uma Estalada e Outras Coisas» in A Rosa, Relógio d´Água

duvidas pouco metódicas II

como se pode dizer a mesma verdade em diferentes palavras?

leituras de verão

- Não posso com este género de tipos- desabafou ela assim que se viu no carro, em liberdade-Gracejam como se as mulheres não passassem duas peças de caça.
- E são. Em muitos casos gostariam de ser.
- Oh, cale-se.

Anjo Ancorado, José Cardoso Pires
Tentei escrever o Paraíso
Não se mova
Deixe falar o vento
esse é o paraíso .

Deixe os deuses perdoarem
o que eu fiz
Deixe aqueles que eu amo tentarem perdoar
o que eu fiz.


Ezra Pound, Cantos,Tradução de José Lino Grunewald

coincidentia oppositorum?

apanhei-me a ouvir a norma de bellini enquanto bebia uma fanta laranja.

duvidas pouco metódicas

a partir de que idade começa a não ser saudável manter amigos imaginários?

søndag, august 14

As luzes eléctricas, pode ser que as luzes eléctricas
impeçam o outono de cair e a ave
de à janela surgir
na sua gabardine cinzenta.

A mandíbula aperta um verbo
e ave alguma surge
e coisa alguma acontece:é o outono
das folhas que caem, só-
nem um verbo cai assim.

Só soldado
e um sino entortado, toldado
badalamente frio,

pode ser que as luzes eléctricas
e os paralelepípedos por exemplo,
pode ser que impeçam
a irregularidade no pavimento ou as horas
de se chocarem umas contra as ourras

e as conchas dos guarda-chuvas
que toldam a cidade
pode ser que desenhem o teu nome
como num musical


pode ser que as lojas fiquem
e as lajes vão,
pode ser que não seja assim
dessa forma tão iníqua
que a chuva insista.

Daniel Jonas, Os fantasmas Inquilinos, Cotovia, p. 28

este livro tem-nos acompanhado nos últimos dias, para boa graça do nosso humor poético;fizemos mostra deste poema pela inclusão de « paralelepípedo», vocábulo da nossa preferência e anteriormente colhido em poema de ruy belo.
para a especial bonomia da nossa fisiologia lírica muito devemos também a ana luísa amaral e àgénese do amor.


excelsas razões para conventual recolhimento em spinhô sur mer ou atravessar mentalmente o arizona.

até já.

søndag, august 7

daqui a nada, chegamos

mandag, august 1

para a lídia



Sobre poemas de Avraham ben Itzhak

por sete caminhos, uma lua, um veneno,
por sete caminhos partimos,
na mochila do ar, no barco do vento.
na floresta azul logo nos perdemos,
na estrada, no medo, no mudo segredo,
pelas sete partidas nos rompemos.

ao dia o dia um sol cinzento lega
a noite a outra noite se lamenta
amanhá morreremos sem palavras.
e no dia da marcha estaremos à porta
e próximos enfim, se o coração exulta.

o dia ao dia dá um sol, radiante,
a noite em outra noite verte estrelas,
felizes que semeiam e não colhem,
sabem que o seu coração está clamando no deserto
nos seus lábios floresce o silêncio,
por sete caminhos partimos,
por um regressamos.

António Franco Alexandre, Primeiras Moradas ( 11 ) , Poemas, Assírio e Alvim, p.285

No Celeiro

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