søndag, januar 30

Never give all the Heart

W.B. Yeats

Never give all the heart, for love
Will hardly seem worth thinking of
To passionate women if it seem
Certain, and they never dream
That it fades out from kiss to kiss;
For everything that's lovely is
But a brief, dreamy, kind delight.
O never give the heart outright,
For they, for all smooth lips can say,
Have given their hearts up to the play.
And who could play it well enough
If deaf and dumb and blind with love?
He that made this knows all the cost,
For he gave all his heart and lost.

um amor impossível


todos os domingos quebraram


lørdag, januar 29

porque não está frio


merci , clive owen

( gosford park, robert altman )

uma espécie de leveza



louise bourgeois

fredag, januar 28

italiano para principiantes

Anche una piuma che vola può disegnare
la tua figura, o il raggio che gioca a rimpiattino
tra i mobili, il rimando dello specchio
di un bambino, dai tetti. Sul giro delle mura
strascichi di vapore prolungano le guglie
dei pioppi e giù sul trespolo s'arruffa il pappagallo
dell'arrotino. Poi la notte afosa
sulla piazzola, e i passi, e sempre questa dura
fatica di affondare per risorgere eguali
da secoli, o da istanti, d'incubi che non possono
ritrovare la luce dei tuoi occhi nell'antro
incandescente - e ancora le stesse grida e i lunghi
pianti sulla veranda
se rimbomba improvviso il colpo che t'arrossa
la gola e schianta l'ali, o perigliosa
annunziatrice dell'alba,
e si destano i chiostri e gli ospedali
a un lacerìo di trombe...

(Eugenio Montale, Finisterre)

frases para uma vogal só

é.
é.
é.
é.
é.
é.
é.
é.
é.
é.
é.

mineralogia psíquica

PEDRA-POMES : uma rocha vulcânica porosa que é leve e cheia de cavidades devido à expansão de gases que foram libertados da solução na lava enquanto solidificava. A pedra-pomes é com frequência suficientemente leve para flutuar na água. É geralmente de composição ácida(silicosa) e é usada como abrasivo e no polimento.


leve, mas pedra. as minhas aspirações são infindas.

mirror

as palavras que tenho para te chamar já aqui estavam, antes de nós. por isso chegamos sempre aos mesmos lugares: o que nos fica , depois da festa ou dos barcos, é silêncio.
e o meu silêncio são as palavras que só eu vejo.
e o que vejo é sempre outra coisa depois de mim: ver o mundo é saber como estou do lado de fora das coisas. procurar-te é insistir na possbilidade do discurso, ser um pouco mais como o vento se disser vento, ser um pouco mais como o mar se disser azul. mas as coisas ditas já não fazem acontecer as coisas, chegamos ao mundo tarde de mais, meu amor.
as palavras que tenho para te chamar já aqui estavam e o que sei do cansaço é muito parecido com o lado errado da palavra. a perfeição coexiste com a sua arbitrariedade, o erro com a sua causa e todos os caminhos começam na vontade de os atravessar.
o meu mundo é a minha vontade e tem mais caminhos que palavras porque até mesmo o erro tem possibilidades finitas.

expressão idiomática

s´echapper
s´echapper
s´echapper
s´echapper
s´echapper
s´echapper
s´echapper
s´echapper
s´echapper
s´echapper
s´echapper
s´echapper
s´echapper
s´echapper
s´echapper
s´echapper

dgv

raios: a perfectibilidade tem stop e cedência de prioridade.

o meu mundo não existe

acabou ainda agora e eu quase não via.

contraponto?

deu erro.
os meus files só tinham pontos de fuga.

torsdag, januar 27

engenharia

a alegria é uma forma de engenharia.

onsdag, januar 26

cansaço

estar aqui
como em coisa nenhuma
é uma diferença de sentido

e não mais:



1.as árvores
são barcos que ficaram para sempre sós.

...............................

2.às vezes os pescadores têm boca:
o mar é uma rede
e o silêncio está
nas ondas que me levaram

..............................

3.ela deixou de dizer
árvore
e a árvore morreu:

as palavras
são seres vivos
e ela já passou.

......................................


4.perguntar demais
é dormir para o lado errado:
a desorientação passa para o corpo.

......................................

5.dentro da pele nada está vazio.
somos sós do lado de fora,
por isso gostamos de nos abraçar.

......................................

6.o silêncio é maior que a música
e os meus olhos
não sabem escrever flores:
só por isso
elas já existem.
..................................

7.ficar em casa
é como ouvir o mar dentro dos búzios:
quanto mais pequenos somos
maior é o mundo.

....................................

8.os comboios cruzam a cidade
e descosem a paisagem.
o menino ao ver
aprende como a terra é descontínua .

................................

9.ver-me aqui
e não estar ali
é como saber que as janelas
vêm sempre depois da paisagem.

..................................

10.os pés frios
entortam o caminho
................................

11.escrever um endereço
muda o lugar do papel
.....................................

12.o que há de mais perto
de coisa alguma
é ainda alguma coisa?
.....................................








man ray

tirsdag, januar 25

contemptus mundi

o que me dá coragem e me enche de medo é que sou incapaz de desistir.

mandag, januar 24

frio?

tudo bem, mas que desta vez venha um kit decentemente aprovisionado de celestial neve.

ut pictura poiesis

nos últimos meses, não tenho rabiscado nenhuma fotografia. anoto mentalmente flagrantes que logo depois desaparecem pelos confins da memória, onde vou atulhando coisas inutilmente belas. mas ando com saudades de ficar, silenciosamente, do lado de lá da lente.
a minha dispersão é uma forma de continuar a caminhar: certamente que um dia olharei para trás, mas para ver que trago comigo o pó das coisas desejadas.

numerologia

hoje é dia de escutar músicas número 8.

kaput

acabou o período insomne.
a partir de hoje o meu rimto vai acompanhar o dos galináceos .

descoberta da noite

in dubio, deve usar-se o poema entre « »

as coisas vistas

( para f.)

decorei o mar
letra a letra
porque o quis para sempre:

tudo o que vejo está escrito
e as horas têm números paginados.


lørdag, januar 22

jogging

1.correr muito através da paisagem acelera o tempo e a alegria.
2. só me falta aperfeiçoar a arte de dar a mão às dúvidas de quem gosto
3. pior que dizer não, é a incapacidade de um sim ser entendido.
4. dia a e a noite são a mesma porção de céu:hoje aprendi a demorar-me e em todas as evidências.

lei de murphy

um dia começamos a estranhar o mundo dentro dos seus nomes:
a vida falha a primeira vez.
outra hora aparece tanta luz no meio da rua que todos os rostos ficam brancos,
indistintamente brancos :
pela primeira vez ficas só.

por último, todas as casas se fecham por dentro,
e os corpos
são apenas corpos pelo lado de fora.
deixas de dormir
porque dormir era viver do lado de dentro:
terminou o sonho.

a pedra não é mais pedra
porque assim ninguém a pensa.
o mar despareceu porque ninguém o vê
e sobre a terra todos os nomes se vestiram de futuro.

fredag, januar 21

descobertas para sempre

a desta noite foi a música dos nuit blanche.
( merci lídia et alan )

torsdag, januar 20

blá,blá,blá

alexandrasays: no fundo a arte é a eterna catalogação dos moinhos
alexandrasays: eles não estão lá
alexandrasays: mas alguém quer , à força de querer vê- los, mostrá- los a um outro .

tipas que nós gostamos muito , muito e mais um bocadinho







King rides by


If time had a place,
And space for your past.

Like a little novel,
I wanted to read again and again,
Would i be in your novel,
Would i begin and end in it.

If I had a place,
And space for your little boy eyes,
Could you really believe,
I certainly dare you,
I do not want to scare you,
Anymore.

Oh what a fuss when the king rides by,
Oh what a fuss when the king rides,
Straight through my heart,
Straight through my life.

I need your love more than you'd ever know.

If I kissed and touched your hand,
A million things I will never understand,
Oh what a fuss when the king trades in,
Oh what a fuss when the king trades.

Oh love, my love, for someone else's hand,
Needing love more than you'll ever know.

You don't miss your water,
You don't miss your water,
'Till your well is gone.




releitura

( para f.)

antes de tudo
a arte é a medida de todas as ausências.
não atravesso a rua no poema
porque a rua não está lá
e o rosto tão tristemente
pintado no papel
adormeceu feliz
nos braços dum novo amor.

doutro modo
a distância de mim até ti
é apenas a que vai
deste verso
até este
pelo meio das horas onde
sem estares
invento o teu rosto noutra palavra.

expressão idiomática

walking away

onsdag, januar 19

o meu mais sentido manifesto

may my heart always be open to little
birds who are the secrets of living
whatever they sing is better than to know
and if men should not hear them men are old

may my mind stroll about hungry
and fearless and thirsty and supple
and even if`s sunday may i be wrong
for whenever men are right they are not young

and may myself do nothing usefully
and love yourself so more than truly
there´s never been quite such a fool who could fail
pulling all the sky over him with one smile

e.e.cummings

leveza bold

leveza leveza leveza leveza leveza leveza
leveza leveza
leveza leveza leveza leveza
leveza leveza leveza leveza
leveza leveza leveza leveza
leveza leveza
leveza leveza leveza leveza
leveza leveza leveza leveza
leveza leveza

leveza em arial

leveza leveza leveza leveza leveza leveza
leveza leveza
leveza leveza leveza leveza
leveza leveza leveza leveza
leveza leveza leveza leveza
leveza leveza
leveza leveza leveza leveza
leveza leveza leveza leveza
leveza leveza

leveza em verdana

leveza leveza leveza leveza leveza leveza
leveza leveza
leveza leveza leveza leveza
leveza leveza leveza leveza
leveza leveza leveza leveza
leveza leveza
leveza leveza leveza leveza
leveza leveza leveza leveza
leveza leveza

sms

se eu disser que fiquei sem coragem, espera um pouco .
já passou .

y tu que has hecho?

En el tronco de un árbol una niña

Grabó su nombre henchida de placer
Y el árbol conmovido allá en su seno
A la niña una flor dejó caer.

Yo soy el árbol conmovido y triste
Tu eres la niña que mi tronco hirió
Yo guardo siempre tu querido nombre
¿y tú, qué has hecho de mi pobre flor?

buena vista social club

tirsdag, januar 18

my skin

fora de mim estão todas o as coisas que não sonhei, e aí começa o mundo. às vezes isso interessa-me, outras interessa-me muito pouco. há cada vez menos coisas a serem ditas, e o silêncio parece-me mais próximo da lucidez do que os verbos cansados que me procuram.
há quem ainda diga o meu nome e se espante porque não estou: todos os espelhos mentiram.

a vida é o que acontece enquanto planeias outra coisa, li algures no último sam shepard.
todas as coisas banais são estranhamente universais e isso não é consolo algum. o belo , sim. e o teu abraço.
quem por mim fala sou eu , mais as frases que sublinhei ao longo dos anos e as personagens que repeti ao espelho e ao medo. tenho mais versos que certezas, e o meu maior talento talvez seja o espanto que me foge a cada dia.
um dia o céu será só mesmo o céu e não terei então mais nenhum mapa para abrir .
talvez, então, só a memória. repito os nomes que mais amo e espero o primeiro e último consolo . nestes lugares já existo para sempre.

espelho

não há como viver dentro dum verso
não há como viver na costura de uma cena bonita

nao há como ser para sempre um barco e ficar longe e nao afundar
não há como viver dentro dum verso
como viver na costura de uma cena bonita
nao há como ser para sempre um barco e ficar longe e nao afundar não há como viver dentro dum verso não há como viver na costura de uma cena bonita
nao há como ser para sempre um barco e ficar longe e nao afundar não há como viver dentro dum verso não há como viver na costura de uma cena bonita
nao há como ser para sempre um barco e não afundar não afundar e não afundar

por aqui

nenhuma cidade é nossa com facilidade: a pertença chega com o mesmo vagar dos musgos.
um dia poderemos partir, mas nos olhos já decoramos o encolher da cidade a cada anoitecer.

paris nos próximos dias


restart

o maior exercício de leveza possível é feito de pés assentes na poeira do chão. depois disso , ignoram-se todas as tabuletas e opta-se pelo único caminho não sinalizado.

mandag, januar 17

breves horas do meu contentamento

the dna of literature: entrevistas com ( entre outros e outros) saul bellow, jorge luis borges, louis -ferdinand celine, jean cocteau, robert frost, allen ginsberg, norman mailer, arthur miller,harold pinter e ezra pound.

box office

retirei este comentário, com a indevida desautorização, da caixa de comentários:

O mar sempre me apavorou por sua aparente infinitude, mas sempre me deslumbrou por este mesmo pavor que sinto pelo fato de nunca conseguir dimensioná-lo, reduzi-lo em dimensões estáticas. Me diga, Ale,você que mora perto do mar: será isto o amor, esta mistura de pavor e deslumbramento?

Adrilles *






fredag, januar 14

la mar

o mar ama-se com todos os sentidos.
a rendição completa por si exigida talvez seja o que mais eu gosto nele.

torsdag, januar 13

et phone home

post para dizer singular coisa nenhuma.

onsdag, januar 12

grau zero da música

procurei a noite inteira. não há música que me acompanhe por estes instantes. não há.

teoria do caos

o que quero da vida dá-me cada vez menos medo.
medo de não ter medo , será medo também?

tirsdag, januar 11

499 $


depois disto , a pedra pomes


mandag, januar 10

a la recherche du template perdu

( blogue em manutenção , é favor circular com precaução)
rei morto, rei posto

terminou o meu caso com o mozilla. instalei o netscape e estou enamorada. de qualquer modo, mantenho o anterior browser, sou uma nostálgica.

o neo - iluminismo nasceu hoje!



em breve , o manifesto !



blue isn´t red

quando todas as possibilidades de auto-exploração parecem redundantes , olho para os mapas que tanto gosto .
sempre imaginei mais partidas do que as que efectivamente realizei, mas tenho no contentamento dos caminhos não percorridos o meu manifesto para as próximas horas. por mais que eu não me ouça, olharei sempre com cuidado tudo o que chama por mim. é preciso não haver demasiado hábito no prazer de estar sentado, ter cuidado com as mãos que nos dizem adeus ,pois isso pode dar-nos ordens de permanência.
da reiteração

( para f.)

haveria um gesto
onde eu
barco ou lápis
trouxesse da tua boca
o nome que me chama?
teoria do caos: o enamoramento confere-nos uma irreprimível vontade de crer no destino . às vezes , ser um céptico sistemático é entediante.
~~~~~~~~

o mar é um verso com muito tempo
sempre que o olhamos
falta-nos a próxima palavra.

søndag, januar 9

uma espécie de patético

-o que fazes quando não sabes?
-fecho os olhos muito depressa. na hora de voltar, o céu fica mais perto .

lørdag, januar 8

ainda não passou . continuo a ter severas aspirações minerológicas :



depósito de pedra-pomes



prova leibniziana da existência de deus *

i m not a miracle , you´re not a saint *

há fiapos de música que têm quase tanta paisagem humana como uma página de dostoievsky .

* damien rice


p.s. acho mesmo que não exagerei na comparação, mas uma outra hora eu verifico .



o beijo , brancusi



paul klee
sentidos : as pessoas que eu amo sabem escutar o mar.
noite branca

não há noites vazias, apenas caminhos por inventar.
toda a luz é a possibilidade da sua sombra e onde eu fico há tanto silêncio como festa, tanto vento como barcos. sei porque levo o mar até ao cais, estendo o céu por onde não estou e aguardo as horas para as deitar fora.
não há dias claros, apenas palavras mais exactas. daqui a nada é manhã, daqui a nada é tudo outra vez igual: caminhei tão depressa que a noite acabou .
i think it´s because we love the now

(
para ti, confessadamente lame)

o teu rosto
escutará
o meu rosto
como o lápis a folha de papel
e ao teu silêncio chegarei
com tantos barcos
que céu mar e terra
serão um só
e todos no teu verso .
noites para adoração

Eurídice

Temos um só corpo ,
Singular, solitário
A alma teve que baste
Ali dentro fechada,
CAixa com olhos e orelhas
Do tamanho de um botão
E a pele - costura após costura-
Cobrindo a estrutura óssea.

Sai da córnea voando
Para o cálice celeste,
Para o o gelado raio
Da roda voadora das aves,
E escuta pelas grades
Da sua cela viva
O crepitar do bosque e da seara
E a trombeta dos sete mares.

Corpo sem alma é pecado,
É um corpo sem camisa-
Nada feito sem intenção,
Sem inspiração , nenhuma linha.
Insolúvel charada:
Quem no fim irá voltar
À pista de dança quando
Ninguém houver para dançar?

Sonhei com uma alma outra
De um modo outro vestida:
Ardia na fuga
Da timidez à esperança,
Espirituosa e límpida
Como o fogo habita a terra ,
Sobre a mesa pondo lilases
Para que lembrada seja.

Corre, criança, não pares
Pela pobre Eurídice,
Rola o arco e a gancheta
No mundo roda,
Até subires uma oitava
No tom alegre, e calma
Porque a cada passo a terra
Faz soar os guizos nos teus ouvidos.

Arsenii Tarrkovskii , 8 Ícones, Assírio e Alvim,




paul klee ,das wert-paket


noites para adoração

a wind has blown the rain away and blown
the sky and all the leaves away,
and the trees stand. I think i too have known
autumn too long

( and what have you to say ,
wind, wind,wind- did you love somebody
and have you the petal of somewhere in your heart
pinched from dumb summer?
o crazy lady
of death dance cruelly for us and start

the last leaf whirling in the final brain
of air!) Let us as we have seen see
doom´s integration.......... a wind has blown the rain

away and the leaves and the sky and the
trees stand:
the trees stand. The trees,
suddenly waint against the moon´s face.

e.e.cummings




.......................................................................................................



aspirações minerológicas



pedra -pomes

As rochas magmáticas têm as seguintes características:
  • São muito duras;
  • Apresentam-se em forma de grandes blocos
  • Não contêm fósseis ( resto de animais e vegetais)
noites para adoração

satellite

while the hands are pointing up midnight
you're a question mark coming
after people you watched collide
you can ask what you want to the satellite
cos the names you drop put ice in my veins
and for all you know you're the only one who finds it strange
when they call it a lover's moon
the satellite
cos it acts just like lovers do
the satellite
a burned out world you know
staying up all night
the satellite



.......................................


fredag, januar 7

dístico para f.

um dia o meu sorriso
vai trazer escrito o teu nome



esta noite
disseram-me que o mundo tinha dois avessos
e eu estava do lado de fora:
nem sempre o espanto
nos faz estar do lado certo do acontecido .


torsdag, januar 6



good clean fun
...
After this there will be no one
After this there will be no one
After this there will be no one
After this there will be no more good clean fun

I forgive you for the rest
Even the whole time i was tested
Nobody does better, baby you're the best

After this there will be no one
After this there will be so many good ones

...

cat power

2046

os lugares donde não voltamos
são a primeira morte e a segunda.

a terceira morte não existe:
viver onde tudo passou
é nunca mais nascer .


primeira hipótese contrariando o relativismo


talvez restem muito poucas palavras
protegendo um corpo da sua solidão.
as noites não multiplicam os dias
e o céu que habitamos tem as cores que lhe damos e não outras,
algo como um sonho
que de tão pensado tenha desaparecido .

ainda assim talvez tudo o que importe
sejam as palavras com que desafiamos o mundo e a terra
e tudo o que possamos habitar
esteja entre a teimosia e a esperança.

não há muito tempo te chamei
para logo depois partir .
somos assim tão imponderáveis na nossa urgência de futuro
que calculamos sempre mais luz onde já tudo é sombra.

quando ninguém mais nos esperar na cidade onde nascemos
e o mar for o destino de todas as viagens ,
quando já ninguém escutar o nosso rosto
ou a palavra que trazíamos para habitar o mundo
aprenderemos como de nada ter ficado
se desenha outro rumo .

reencontrei nos velhos caderninhos esta passagem de antónio maria lisboa ( poemas, assírio e alvim) que me deu a inteligibilidade necessária ao momento:

A Verdade não se pensa - sabe-se; o que se pensa é a explicação da verdade. Não existem pensamentos verdadeiros, mas pensamentos certos no sentido de bem pensados.


ainda que não seja possível abrir inteiramente o mapa, nem por isso fecho as portas e me aquieto nos lugares já conhecidos.
o real é uma contínua possibilidade para arquitectar o belo. não me enterneço com quem espera ou adormece:os caminhos são maiores que toda a nossa vontade.
My Happy New Year


( instrumentos para pintar a boca de rosa e verde )

No me prestás tu mano en esta noche

de fìn de año de lechuzas roncas?

J.Cortázar

( para f. )


em noites assim
há quem nos repita
como o amor pode traduzir o mundo
e o ano acabar à mesma hora todos os anos
ainda que esteja muito longe o teu rosto .


as coisas visíveis
são muito mais e maiores do que a memória
porque os caminhos multiplicam o desejo
e em noites assim
(estando só e sem medo )
alguém descreve como atravessou cidades e festas
aprendendo a escutar o silêncio .

durante a noite ouvem-nos também dizer
que é frio respirar entre sombras
e como pode o desejo de um rosto
não ter uma só palavra que o chame.

por fim, há quem simplesmente nos dê a mão
até ser amanhã
e isso durar por todas as horas da nossa vida.


em noites assim
haverá quem repita
como o amor pode traduzir o mundo
mas não chegar o mundo inteiro
para te dizer que aqui cheguei .

onsdag, januar 5

apetecia-me muito correr , correr muito esta noite



jules et jim, truffaut
segredinhos

não existe gostar por alto , ou não é gostar. quando se gosta, gosta-se detalhadamente, com minúcias de observador atento.
por isso, gosto de repetir a quem gosto como ficarei por perto.
alexandrinesco :
a construção da verdade é um processo mais exactamente cumulativo do que transformativo. assim, a verdade que ainda ontem era minha e que hoje aperfeiçoei mantém a mesma validade enunciativa.
o ser tem duas margens eternas e limítrofes , mas entre elas é possível fazer qualquer percurso. neste transcurso, a verdade constitui a possibilidade de redesenhar todas as possibilidades. a correcção das verdades constitui o permanente trânsito do ser no seu finito e contraditoriamente demorado aperfeiçoamento .


2001/2002

reli esta noite o meu caderno desses dois anos. foi muito bom , tive muitos reencontros. fiquei surpreendida com a palavra que fecha esse caderno. diz assim: stalker?




p. s os cadernos que eu tinha eram um blogue avant -la -lettre, ou o blogue é uma continuação fingidamente menos solipsista do que os velhos caderninhos da minha arqueologia sentimental?

tirsdag, januar 4



ai flores do verde pino : entre mui preclaros e variegados tópicos , ali há gato.
a menção é honrosa e o sorriso espalha-se-nos nefelibatamente: verde mais verde não há.



pedro e inês, por olga roriz,amanhã, na rtp2, às 22:30

No Celeiro

  • juni 2004
  • juli 2004
  • august 2004
  • september 2004
  • oktober 2004
  • november 2004
  • desember 2004
  • januar 2005
  • februar 2005
  • mars 2005
  • april 2005
  • mai 2005
  • juni 2005
  • juli 2005
  • august 2005
  • september 2005
  • oktober 2005
  • november 2005
  • desember 2005
  • januar 2006
  • februar 2006
  • mai 2006
  • juni 2006
  • juli 2006
  • august 2006
  • oktober 2006
  • november 2006
  • desember 2006
  • juni 2007
  • september 2007
  • november 2007
  • desember 2007
  • februar 2008