torsdag, september 29

para r.

a maior parte das pessoas dispõe-se a ouvir certezas. no entanto, muitos poucos se deixam ficar a escutar uma dúvida.

tautologia

eu sei. eu sei. eu sei. eu sei. eu sei. eu sei. eu sei. eu sei. eu sei. eu sei.eu sei. eu sei. eu sei. eu sei. eu sei. eu sei. eu sei. eu sei. eu sei. eu sei.eu sei. eu sei. eu sei. eu sei. eu sei. eu sei. eu sei. eu sei. eu sei. eu sei.eu sei. eu sei. eu sei. eu sei. eu sei. eu sei. eu sei. eu sei. eu sei. eu sei.eu sei. eu sei. eu sei. eu sei. eu sei. eu sei. eu sei. eu sei. eu sei. eu sei.eu sei. eu sei. eu sei. eu sei. eu sei. eu sei. eu sei. eu sei. eu sei. eu sei.eu sei. eu sei. eu sei. eu sei. eu sei. eu sei. eu sei. eu sei. eu sei. eu sei.eu sei. eu sei. eu sei. eu sei. eu sei. eu sei. eu sei. eu sei. eu sei. eu sei.eu sei. eu sei. eu sei. eu sei. eu sei. eu sei. eu sei. eu sei. eu sei. eu sei.eu sei. eu sei. eu sei. eu sei. eu sei. eu sei. eu sei. eu sei. eu sei. eu sei.


mentira.
estou a fazer a mesma asneira.

tirsdag, september 27

freud explica

é uma sentença amiúde proferida, maioritariamente por quem não leu freud.
a mim parece-me muito mais razoável dizer: flaubert explica.

a oito horas e meia daqui, quadrante sudeste

homesick

ontem, resolvi optar pela insónia.
pela noite dentro, com a cidade quieta pelo silêncio, ouve-se o mar dentro de casa: marulho. palavra acertada. alguém pode duvidar que é a aglutinação do mar e seu barulho?
começo a despedir-me da casa e do que a habita além de mim.

We have lingered in the chambers of the sea
By sea-girls wreathed with seaweed red and brown
Till human voices wake us, and we drown.

t. s eliot, the love song of j. alfred prufrock

blow up

de antonioni


muito de perto, a realidade perde-se.
perto de mais, a fantasia é irrelevante.

mandag, september 26

sumário

por mim, está tudo bem. podes até escolher ser feliz para sempre. eu fico-me com a certeza dos dias pequenos e ter tido uma morada que conheceste e desarrumaste. agora vou mudar de lugar e optar pela biografia.
um dia, daqui por muitos anos, talvez um verso seja igual a isto: aprender a acordar diariamente do lado errado do coração.

em resumo

fazia tanto sentido conversar contigo que eu não entendia nada.

sem dedicatória

o que eu queria dizer só cabe na palma da tua mão. o que eu queria dizer só cabe na palma da tua mão.o que eu queria dizer só cabe na palma da tua mão.o que eu queria dizer só cabe na palma da tua mão.o que eu queria dizer só cabe na palma da tua mão.o que eu queria dizer só cabe na palma da tua mão.o que eu queria dizer só cabe na palma da tua mão.o que eu queria dizer só cabe na palma da tua mão.o que eu queria dizer só cabe na palma da tua mão.o que eu queria dizer só cabe na palma da tua mão.o que eu queria dizer só cabe na palma da tua mão.o que eu queria dizer só cabe na palma da tua mão.o que eu queria dizer só cabe na palma da tua mão.
e eu não sei dela.

Quinta Essência

As mulheres não são pacientes com o amor.São pacientes com tudo e de tudo fazem hábitos. Do amor é que não.Daí que muitas deixem de ser honestas e se entreguem a uma forma de criação que é principiar do nada coisas efémeras que nunca acabam.Chama-se a isto a Quinta- Essência, a região do fogo e do amor.

A Quinta Essência, Agustina Bessa Luís, p. 67-68

eram 19: 11 e ela sentia-se só






after a while

nem ficar a dizer-te adeus durou.

lørdag, september 24

na côrte na aldeia

polícia é sempre usado significando polidez e civilização.

algumas coisas estreitamente ligadas

mudanças de casa e políticas editoriais.
a uma e a outra toda a culpa do meu estado celibatariamente bloguístico.

tirsdag, september 20

Com Licença Poética

Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta,anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.
Não sou tão feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim,ora não creio em parto sem dor.
Mas o que sinto escrevo.Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reionos
- dor não é amargura.
Minhas tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade de alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável. Eu sou.

Adélia Prado, Poesia Reunida, Editora Siciliano,p.7

søndag, september 11

«»

não há últimos parágrafos em faulkner. às vezes, há monstros que cessam. ou talvez não.

a poética do devaneio

é um título de gaston bachelard que pode ser lido em tradução portuguesa pela martins fontes.
li-o nos últimos dias. um dos postulados basilares do livro afirma que o devaneio se inscreve num universal humano correspondente à « anima».
segundo jung, a essência humana estaria inscrita em dois pólos, um deles animado por um princípio masculino, « animus» e outro por um princípio feminino, a « anima».
segundo bachelard a diferença entre o sonho e o devaneio começaria por ser desta ordem: o devaneio pertence ao mundo da anima e o sonho nocturno do animus.

antes de partir para a análise propriamente dita do devaneio, que o autor correlaciona com o mundo cognoscente da infância, divaga sobre os príncipios femininos e masculinos na linguagem, na senda do que fazem, segundo o autor, todos os « sonhadores de palavras».

é claro que, como não podia deixar de ser, o estado do devaneio vai ser visto com uma presença manifesta no estado poético. mas deixo esse tópico para próximo post. por agora, ficam as impressões/divagações e devaneios sobre o sexo da linguagem.



« Sim, de fato as palavras sonham.
Mas quero dizer apenas uma das vesânias dos meus devaneios de palavras: para cada palavra masculina eu sonho um feminino bem associado.Gosto de sonhar duas vezes as belas palavras da língua francesa.Claro, uma simples desinência gramatical não me basta.Ela levaria a crer que o feminino é um gênero subalterno.Só me dou por satisfeito depois de haver encontrado um feminino na sua raiz, na extrema profundeza do feminino.
O gênero das palavras, que bifurcação!Mas estaremos jamais seguros de fazer a partilha correta?Que experiência ou que luz guiou as primeiras escolhas?O vocabulário, ao que parece, é parcial, privilegia o masculino e com muita frequência trata o feminino como gênero derivado, subalterno.
( ...)
Os rêves ( sonhos ) e as rêveries ( devaneios), os songes ( sonhos) e as songeries ( devaneios), os souvenirs e as souvenances ( lembranças )- indicadores de uma necessidade de colocar no feminino tudo o que há de envolvente e suave para além dos termos simplesmente masculinos que designam estados de ala.
(...)

Todas as palavras( ...) saem a procurar uma o seu companheiro, outro a sua companheira: la glace ( o espelho) e le miroir ( o espelho) la montre ( o relógio ) e le chronomètre ( o cornómetro), la feuille ( a folha) e le feuillet ( a folha) do livro, le bois ( o bosque ) e la fôret ( a floresta) ( ...).»

Gaston Bachelard, A Poética do Devaneio, Martins Fontes, p.43_51

nova temporada

a nébia voltou!

o ikea garante

que isto é uma casa para bichanos. mas nas garras da minha gata, lolita,seria antes ornamento imperial. todos os felinos são autocratas por estilo e definição.

lørdag, september 10

amiguinho imaginário diz:

não te parece um excesso semiótico estar a ler husserl e a ouvir sparklehorse ao mesmo tempo?

o que pode ser

outra coisa

estava mesmo a precisar de outra coisa, os mesmos olhos que os meus, mas outra paisagem no pensamento, as mesmas mãos, mas outro coração que não quebrasse, ao tocar, a mesma sombra, talvez, mas uma maneira elegante de ficar vazia.precisava disto, não, não me trocar de mim, nem com tanta vida trocada, errada, quebrada, e nem assim levantar todos os dias me faz mais desperta, e nem assim ler todos os dias me deu mais versos, e nem assim o somatório de tudo foi acréscimo.
estava mesmo a precisar de outra coisa, outros pés nestas botas, e até mesmo outras botas, outro chão. é fácil pendurar o casaco no cabide, difícil é fazer o mesmo ao corpo. se mudasse de pescoço, podia ser eu no gancho do cabide, pés no vazio, a flutuar como um sino. fazer a digestão é ter o estômago encarregue do pensamento. preciso executar a minha própria fagia. deglutir-me, processar-me, aceitar isto. ser quase tão isto como uma perna numa tela do bacon. rímel, muito rímel para ficar mais perto do que se vê. e tinta nas unhas, só porque sim. estava mesmo a precisar, talvez outros dedos para coser envelopes, o dia inteiro, envelopes coloridos remetidos para estranhos simpáticos. amor por correspondência, e-love, felizes para sempre duas semanas e não mais, a tua boca é.
interrompo.
é preciso endireitar a sombra, acertar no alvo. primeiro tiro e a vida começa. segundo tiro e,de novo,felizes para sempre. alguma coisa diferente. a começar com menos ruído. respirar é a primeira lição. depois o afogamento da matéria sensível. todos os órgãos na exactidão de serem, luminescentes, nesta piscina vazia que é o corpo dormindo. estava mesmo a precisar de outra coisa, fundo branco imóvel sobre as pupilas, uma hospitalidade exacta sobre a pele, músculo a músculo um tensão para a felicidade.
caí. estou no fim de um corpo e tudo me pede outro lugar.
«Quem não compreende a trajectória de Emma dificilmente entenderá a liberdade. E de paroxismo em paroxismo, somos levados pela mão de Flaubert (o tal que dizia sofrer na pele a maldição de uma puta ficar para a história, e não ele) ao inevitável. (...) A pornografia, invenção do século vinte, ilude porque mostra tudo, tudo escondendo. A nudez de Emma é espiritual. A mais obscena de todas.»

in:arquivo fantasma

província,nós?parte segunda

WORKSHOP EM CINEMA IMERSIVO
1º Workshop Europeu em Fulldome
12 a 16 de Setembro de 2005
Espinho, Portugal

província,nós?

A 16 de Setembro às 18.00 h, terá inicio a exposição www.plot@rt.europa, simultaneamente nas cidades de Atenas, Espinho, Diest, Lugano, Madrid, Paris, Roma, Spijkenisse, Viborg e Valencia.
Mais informações, aqui.


café...chá...

fica a faltar a laranjada...

whislist inútil, mas imprescindível

as alegrias de uma bovary inconsequente:


chávenas de café com assinatura de flaubert.
também as há para balzaquianos (daqui por quatro anos invisto nestas) e baudelairianos.

fredag, september 9

eu vi, eu estava lá

duas jovens, trocando impressões em castelhano, compraram depois de alguma especulação (que ouvidos atentos não deslindaram), três romances de agustina bessa luís:



suburbano

estar mais dee 10 minutos à espera do comboio, em s.bento, equivale a ter bilhete grátis para um freakshow dispensável.
e não me refiro apenas às pombas.

onsdag, september 7

cronologia

o meu tempo é sobretudo uma teimosia com o espanto.

r.i.p

ouço o quase outono em espinho e à beira-mar pode ainda ser tudo mentira, mas as ruas estão, finalmente, a preparar-se para a solenidade dos dias vazios. apetecem-me algumas palavras.em todas tenho paz.

chhhh

já não me lembrava como a chuva aperta a cidade. toda a gente segue encostada aos muros das casas que, já velhas, se encostam também, confinando o espaço e a distância. a sentimentalidade monocórdica dos dias de chuva é sobretudo isto, uma necessidade de confinamento. assim mesmo, do objectivo para o subjectivo, com esta nítida liquidez.

fredag, september 2

depois dizes que as tuas manhãs não andam muito animadas


No Celeiro

  • juni 2004
  • juli 2004
  • august 2004
  • september 2004
  • oktober 2004
  • november 2004
  • desember 2004
  • januar 2005
  • februar 2005
  • mars 2005
  • april 2005
  • mai 2005
  • juni 2005
  • juli 2005
  • august 2005
  • september 2005
  • oktober 2005
  • november 2005
  • desember 2005
  • januar 2006
  • februar 2006
  • mai 2006
  • juni 2006
  • juli 2006
  • august 2006
  • oktober 2006
  • november 2006
  • desember 2006
  • juni 2007
  • september 2007
  • november 2007
  • desember 2007
  • februar 2008