lørdag, desember 31

Happy New Year

Mira, no pido mucho,
solamente tu mano, tenerla
como un sapito que duerme así contento.
Necesito esa puerta que me dabas
para entrar a tu mundo, ese trocito
de azúcar verde, de redondo alegre.
¿No me prestás tu mano en esta noche
de fìn de año de lechuzas roncas?
No puedes, por razones técnicas.
Entonces la tramo en el aire, urdiendo cada dedo,
el durazno sedoso de la palma
y el dorso, ese país de azules árboles.
Así la tomo y la sostengo,
como si de ello dependiera
muchísimo del mundo,
la sucesión de las cuatro estaciones,
el canto de los gallos, el amor de los hombres.


Julio Córtazar

tirsdag, desember 27

concessão

muito bem que tenha de haver natal e ano novo e mais a necessidade contratual de nos mostrarmos epidemicamente felizes.

mas é mesmo preciso que as duas efemérides tenham apenas uma semana de intervalo?

oclusiva

a minha vida mental abrirá, muito em breve, um novo posto de trabalho: controlador de tráfego aéreo.

metas cármicas

na próxima vida, mereço ser germanófona.

dos adornos para adorno

propostas de frases adorno para colecção de tichârtes/2006


A arte é a antítese social da sociedade.

Nenhuma estátua grega,na sua nudez,era uma pin-up.

O obscurecimento do mundo torna racional a irracionalidade da obra.

A arte aproxima-se da alergia a si mesma.

torsdag, desember 22

made in heaven

o prémio melhor ideia/espinho 2005 vai para o visionamento do documentário amazing grace, sobre jeff buckley, no planetário da cidade.

sos

norma-padrão

um dia, hei-de entender com clareza a razão dos professores de português não gostarem da gramática de llindley cintra e celso cunha.
um dia, não é que esteja propriamente com pressa.

place to be

em vez de « angústia da influência» por que não preferir «síndrome de estocolmo»?

mandag, desember 19

teoria alexandrina do dia

M. Meursault diz:
quando há mulheres conversando, eu nunca consigo sequer descobrir o assunto.me intrometer então, impossível.
Ale diz:
isso é porque as mulheres não conversam, abrem tópicos.

compêndio de personalidade

um amigo diz-(me):
se fosses gajo, disparavas primeiro e depois perguntavas quem lá vinha.ainda bem que és mulher.

søndag, desember 18

dezembro

tenho as mãos pequenas demais para receber
esse país que escreveste para mim.
que havemos de fazer
da minha pequenez
e desta falta de paisagem?

se soubesse como
chegava a tua casa
com memória para o futuro e gestos felizes
mas como faremos
para que aprenda a escutar-te mais
do que ao silêncio deste lugar feito de longe?

lørdag, desember 17



rene burri

my oblivion

a fixação feminina por este tema dos tindersticks tem, entre outras, a natural explicação que as mulheres querem mesmo é ouvir violinos.

numerologia

agora que finalmente os meus discos vêem, novamente, a luz doméstica do dia, constato infalivelmente: todas as músicas com a sétima posição são boas. até mesmo nos álbuns que o tempo arremessou para a categoria de revisitação duvidosa.

16/12/05

há um dia especial na vida de um míope que é aquele em que, pela primeira vez,se entra no duche com os óculos.

torsdag, desember 15

meteorologia

muito frio para o celibato.

onsdag, desember 14

responsabilidade civil

os diminutivos foram inventados por pessoas sem escrúpulos.

fiat lux

aluno escreve:candeeiro.
professor corrige: candieiro.
nós ficamos irritados.
local do crime: escola espinhense.
ano da graça 2005

tirsdag, desember 13

The House of Life

Como Rossetti resgatando a dádiva de amor
verso a verso ao corrupto corpo
de Elizabeth Eleanor, o escritor
é um ladrão de túmulos. E é um morto

dormindo um sono alheio, o do livro,
que a si mesmo se sonha digerindo
sua carne e seu sangue e dirigindo
a sua mão e o seu livre arbítrio.

Quem construiu a sua casa? Quem semeou
a sua vida, quem a colherá?
Nem a sua morte lhe pertence, roubou-a
a outro e outro lha roubará.

Toma, come, leitor, este é o seu corpo,
a inabitada casa do livro,
também tu estás, como ele, morto,
e também não fazes sentido.

Manuel António Pina, Os Livros, Assírio e Alvim, pág. 49

mandag, desember 12

2,7

hermenêutica sem rumo, fenomenologia à deriva e miopia precoce.
sempre suspeitei que desistir das aulas de bateria tinha sido uma má opção.

lørdag, desember 10

a girl´s world

ainda não vimos o filme, mas já sabemos que holly golightly faz parte da banda sonora. óptimas notícias musicais e cinéfilas!

fredag, desember 9

pela mão de cat power

chego a este blogue. vejo que o autor esteve em portugal e espanha. fico a ler. há coisas como: « Lisbon has a raw, rough, faded glory about it, and the people do too. Lots of facial hair and funky, tattered sweaters. Kind of Spain meets Ireland».ou : « Portuguese is beautiful sounding: kind of like Spanish spoken by a drunk Russian (and I mean that as a compliment)».

já o assunto cat power mistura barcelona com hotéis gay. para ler mais é aqui.

im conversations

M. Meursault diz:
vc nunca será 1 chave de fendas para mim.

a trashed Faulkner

"On each new album, [Cat Power, real name Chan] Marshall has more firmly established her haunting musical persona: that of a Southern belle in bluejeans, a trashed Faulkner heroine whose arias of disillusionment, hope, fantasy, bitterness, and understanding are played out in 4/4 time and in a distinctly American syntax."
--Hilton Als, New Yorker

the greatest tracklist

01 The Greatest
02 Could We
03 Lived in Bars
04 Islands
05 After It All
06 The Moon
07 Living Proof
08 Empty Shell
09 Willie
10 Where Is My Love
11 Hate
12 Love & Communication


Atendendo ao universo de Chan Marshall- a.k.a Cat Power- estamos peculiarmente ansiosos com a audição do último tema. O emule não se tem mostrado particularmente cooperativo. A vesícula biliar já mostra sinais de evidente desgaste.

para .

quando penso em ti são os meus olhos que sabem.

onsdag, desember 7

toilette canina

para o mambo

mandag, desember 5

sysrq

-também acho que sim.
-de quê?
-do que acabaste de dizer.
- pois é.
-não achas?
-sim, acho, já o disse.
-estou cansado.
-de quê?
-estas conversas...parece que não estamos a dizer nada...
-não sejas idiota, é claro que estamos a dizer.
-não tenho a certeza disso.
-ó.
-por exemplo, isso, ó, uma interjeição. eu acho que as interjeições são uma preguiça que dá à língua.
-que ideia!
-por que não me deixas nunca expressar livremente?
-por acaso estou a amordaçar-te?!
-vês??? tu só sabes ser literal. não tens coragem para a conotação.és um fraco, sempre foste, sempre.
-tu cansas-me.
-porquê?
-essa mania,essa porra de mania de discursos e palavrinhas e explicações bonitas. isso cansa-me, essa tralha inútil que carregas e atiras para cima de mim. não quero saber, não me interessa, não me importa sequer que morra disto ou de coisa nenhuma. desde que tenha os pés quentinhos, quero lá saber de frases e astronomia. descanso,os olhos a pestanejarem devagarinho, o coração mole, isso que me importa. a minha fraqueza não é derrota. é só a melhor maneira de fazer de conta que as coisas são melhores. por isso me cansas. essa tua mania cansa-me.
-então eu calo-me.
-se quiseres.
-o quê?
isso.
-ah, sim. isto.
-é.
-está bem.
-pois está.
-não achas?
-o quê?

F8

todos os dias , descubro uma melhor maneira de não perder tempo com coisas que me importunam.
não sei se estou mais perto do nirvana ou da alienação.

actualização

o snobismo deve ser a melhor muleta de todas as fobias socias, com a vantagem do seu toque chic vaporoso.

lørdag, desember 3

o que se diz dela( cat power) e dele ( o álbum )

*Few solo artists can touch her. Back when I first heard "Moon pix" I started calling her the female Elliot Smith.

[ Hummm, ainda estamos a pensar no assunto, mas hesitamos na concordância ]

* But anyway, this album is a clear departure from her earlier work, both lyrically and musically. There are even glimmers of optimism and happiness on some tracks.

[ o emule recusa-se a colaborar com as nossas aspirações a ouvir integralmente o álbum ]

*Yet, in contrast, the song "Hate" is the type of song that you can't listen to on a night you've drank too much and happen to be near any edges or sharp things.

[ vou seguir a dica, fica como um dos votos para 2006]

*I'm telling you people, 30 years from now, Chan Marshall will be looked back on as an EPIC TALENT in the history of American music.

[ gosto da assertiveness do comentário e digo que sim senhor, concordo e fico contente por estarmos de acordo]

*Didn't love this one at first - the melody is tricky and kind of slips by unnoticed. But I've not been able to stop for the last few days listening and listening.

[ bah, gosta-se à primeiríssima, ó ouvido incréu e infiel ]

*The cover art is like a kind of photoshop-for-beginners aesthetic you'd expect to see on some local-band demo cd not a well known artist on a big label with access to and cash for any of the greatest art, graphic design and photography in the world...

[ não gostei da capa, mas a minha recente fase rosa, que logo-logo passará para descanso ocular de quem me vê diariamente, felinos incluídos, fez-me olhar para ela gulosamente. sim, sou sinestésica, gosto de cores que considero digestivas. ]

*I kind of think the cover is cool. and i like the song. i think theres a cool contrast between the two. its produced kind of lushly. smooth and light and pretty. and then that cover is just slopped together with paint or something. i think its cool.

[ pelo direito ao contraditório, somos um blogue pluralista quando, e apenas quando, me apetece ]

da sintaxe como existencialismo

estou numa fase complemento indirecto.

da meteorologia

pode chover. fazer sol, vento, cair um nevão em espinho, tempestade tropical, saraiva, granizo ou nortada. é tudo igual.
a única meteorologia que aqui se pratica chama-se cat power. the greatest.

sell fish

preciso urgentemente de definir uma quota diária de idiotice.

pop star

gosto muito de todas as pessoas que distinguem estada de estadia.

coincidências quase perfeitas

ter conhecido a pessoa mais importante de 2005 no primeiro dia desse ano. ter a certeza absoluta que isso já passou no último dia de 2005. tarefas importantes para quem detesta festividades com prazo de execução.

bastante certeza que a astrologia deve ter algures um capítulo exaustivo sobre a matéria.

do top, do topo, do troppo e do tropo

já que para mirífico espanto de todos os amigos este ano nos resolvemos pelo óbvio e fizemos um profusamento decorado arbusto natalício, damo-nos permissão para listar o melhor do ano. começamos por dar música, com o auxílio da parca memória que nos assiste:

Arcade Fire, Funeral
Bonnie Prince Billy, Superwolf
Franz Ferdindand, You could Have It So Much Better
Rufus Wainright,Want Two
Ryan Adams,Cold Roses
Antony And the Johnsons, I am a Bird Now
Josh Rouse, Nashville
Kaiser Chiefs, Employment
Smog, A River Ain´t Too Much To Love
The White Stripes, Get Behind Me Satan

agradecimentos especiais aos velhos amigos bill , will, josh e rufus.

curiosamente, todos os títulos dos diferentes álbuns podiam fazer os dez capítulos da minha biografia em 2005. não me perguntem nada sobre
nashville.

o último dos capítulos diz, com dedicatória especial,
you could have it so much better.

estante I, a missão

a estante era promissora: estatura, simpatia, design, coloração perfeita.
ainda na loja, imagino os livros, ainda encaixotados, os pobres, saltitatando alegremente para as acomodatícias prateleiras.
a estante chega no dia prometido, homens robustos encaixam devidamente todos os módulos.
primeiro caixote, poesia. segundo caixote, poesia. terceiro caixote, poesia, volumes esparsos de arte e ensaio, algumas heranças familiares e, antes de qualquer outra coisa, a estante fica repleta.
assim, passaremos a quadra natalícia velando pelo conforto dos muitos livros ainda desalojados.

p.s. sim, já recorremos ao regime de lotação ilegal, com pequenas favelas crescendo por detrás dos livros que ficaram com a dianteira da estante.

No Celeiro

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