Chegar ao fim dele podia ser encontrar um começo do mar
«Chegar ao fim dele podia ser encontrar um começo do mar.
Mas fiquei entregue à violência dos passos intactos. A pureza do medo e a noite baloiçavam.Os barcos, de cores sexuais amordaçadas pelo escuro, dão-me vertigens.Chegou um, então, e o portão de pedra tremeu,sexual também.Doía.Os barcos vivos eram os mortos da morte. Há sempre um outro cais ausente. Se eu agora me voltar e for para meu dia de vida, como me consolarei da espera inútil?Todas as noites, todas, terei tempo para lá voltar, à mesma hora, esperando por mim, de pé e assustada?»
Mas fiquei entregue à violência dos passos intactos. A pureza do medo e a noite baloiçavam.Os barcos, de cores sexuais amordaçadas pelo escuro, dão-me vertigens.Chegou um, então, e o portão de pedra tremeu,sexual também.Doía.Os barcos vivos eram os mortos da morte. Há sempre um outro cais ausente. Se eu agora me voltar e for para meu dia de vida, como me consolarei da espera inútil?Todas as noites, todas, terei tempo para lá voltar, à mesma hora, esperando por mim, de pé e assustada?»
Luiza Neto Jorge, Poemas, Assírio e Alvim, página que o caderno não anotou
1 Comments:
é na página 34 (antepenúltimo parágrafo dum poema chamado "SUBITAMENTE VAMOS PELA RUA")
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