torsdag, mai 12

sílvia


não sei como entraste onde eu estava parada
para contares esta história que aprendi a ouvir
tudo em volta está escrito com sobras de cinza

temos apenas um coração parado à espera de ser dia
e morrer de cansaço.
temos este papel velho onde tropeçamos de tanta biografia
e este céu que passa por cima dos pulmões.

é melhor parar aqui
não tenho mais corpo para dizer que não
fico muito melhor na fotografia que trazias na carteira,
não lembro, mas podia jurar que me acertaste o cabelo antes
uma minúcia só tua,
que só tu tinhas para ver nos outros coisas perfeitas

vou desatar a correr,
correr muito para saber que estás em lado nenhum,
e que tudo aqui é meu porque me deste
mas não restam lugares para ouvir o que ainda dizes

já morri de te olhar e nada ver
e ainda novamente dancei nas tuas mãos para ser criança
como quando só te via a ti
e nunca tinha visto nada.

No Celeiro