mandag, desember 5

sysrq

-também acho que sim.
-de quê?
-do que acabaste de dizer.
- pois é.
-não achas?
-sim, acho, já o disse.
-estou cansado.
-de quê?
-estas conversas...parece que não estamos a dizer nada...
-não sejas idiota, é claro que estamos a dizer.
-não tenho a certeza disso.
-ó.
-por exemplo, isso, ó, uma interjeição. eu acho que as interjeições são uma preguiça que dá à língua.
-que ideia!
-por que não me deixas nunca expressar livremente?
-por acaso estou a amordaçar-te?!
-vês??? tu só sabes ser literal. não tens coragem para a conotação.és um fraco, sempre foste, sempre.
-tu cansas-me.
-porquê?
-essa mania,essa porra de mania de discursos e palavrinhas e explicações bonitas. isso cansa-me, essa tralha inútil que carregas e atiras para cima de mim. não quero saber, não me interessa, não me importa sequer que morra disto ou de coisa nenhuma. desde que tenha os pés quentinhos, quero lá saber de frases e astronomia. descanso,os olhos a pestanejarem devagarinho, o coração mole, isso que me importa. a minha fraqueza não é derrota. é só a melhor maneira de fazer de conta que as coisas são melhores. por isso me cansas. essa tua mania cansa-me.
-então eu calo-me.
-se quiseres.
-o quê?
isso.
-ah, sim. isto.
-é.
-está bem.
-pois está.
-não achas?
-o quê?

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