torsdag, juni 30

débito directo

vou olhar para ti até que me caiam os olhos. isto não é uma afirmação de incontido lirismo, atente-se. olhar o verso na diagonal pode causar distorção óptica. o poeta recomenda: o consumo excessivo de matérias poéticas pode suscitar anomalias várias. há poetas que põem de tudo nos seus poemas, frigoríficos, aves, ervas daninhas, veneza ou o mar.
aqui há quem abra a boca e diga, ah, o mar. pois é. há poetas que põem o mar nos seus versos e depois calçam galochas.
há também os que vão de barco e ficam perdidos. nesse mar que fica nos versos não há rotas marítimas. só rotas poéticas, mas, como sabem, essas estão todas trocadas.

vou olhar para ti até que me caiam os olhos, repito . não tenhas medo. és tão bonito que não me cabes no texto. pois é. fica quieto então, não fales, não te mexas, não te dispas. não quero sexo. só quero mesmo olhar para ti e esperar que me caiam os olhos.

No Celeiro