sonhei com um barco
nascendo vazio nas mãos.
ao apertar com força o que ainda era antigo
já não te via
e as mãos eram só futuro.
II
os comboios são viagens mentais
tão alinhadas como um diário.
depois de nós apenas
quem de nós se esqueça.
para trás fomos deixando
homens que cantam nas estações,pedindo outros reinos.
ao sair somos rostos quase limpos,
sem pressa .
se noutra língua alguém nos chamasse
pousávamos as malas,despíamos o casaco
o cansaço
e ficávamos.
ficou tarde.
na estação já se apagaram os corpos.
é tempo de ficar em fuga.
III
os mapas indicam saídas
mas quase nunca a entrada.
não sei como me aconteceu este país
rodeado de mar e de espanha por todos os lados.
não sei quem me vestiu estes olhos
ou me fez pertencer ao nome por que me chamam.
de meu
escolhi apenas o teu nome repartindo-me .
IV
o outono é um amante impiedoso
para mostrar o sangue da terra
desabriga-nos o coração.
V
onde eu nasci ficou o verão
e ninguém que o leve à boca
para me chamar.
VI
os lugares que piso
ficam mentais como as nuvens que sonho.
não sei se onde estou é chão
ou uma tímida vontade de céu.
VII
onde eu nasci
acredita-se que os mortos estão na vida
tanto como nós.
o que nos separa são diferentes graus de visibilidade.
quem não vemos mais
vê-nos melhor?
VIII
as vozes que amamos parecem eternas.
mas não o movimento das suas mãos,
nem a maneira cíclica como se penteavam cada manhã.
IX
fazer uma partida
não é o mesmo que fazer uma partida.
já parti e de mim partiram
tão irredutivelmente que nunca foi uma partida.
X
o único lugar onde não há vento é o útero.
morrer podia ser o regresso à ausência de vento.
XI
o que eu sei é a medida dos meus pulsos
ou a invenção do sorriso nos amigos.
sei dizer a cor do mar
e versos
que uso para encantar a noite de amantes.
o que eu sei não sobra
para te inventar perto de mim.
XII
(para r.)
quando sonha,
o meu cão agita-se numa imaginária corrida.
quando penso em ti
os meus olhos ficam da cor dos teus.
XIII
dedicar poemas
é tarefa vã.
escrevemos sempre aos mesmos rostos
e ao vazio que no peito não quer apagar-se.
XIV
ao acordar
é preciso guardar o primeiro pensamento
e esperar que chegue o rosto a quem o dizer.
iniciaram-se assimmuitas viagens
XV
partir é querer um diálogo.
nascendo vazio nas mãos.
ao apertar com força o que ainda era antigo
já não te via
e as mãos eram só futuro.
II
os comboios são viagens mentais
tão alinhadas como um diário.
depois de nós apenas
quem de nós se esqueça.
para trás fomos deixando
homens que cantam nas estações,pedindo outros reinos.
ao sair somos rostos quase limpos,
sem pressa .
se noutra língua alguém nos chamasse
pousávamos as malas,despíamos o casaco
o cansaço
e ficávamos.
ficou tarde.
na estação já se apagaram os corpos.
é tempo de ficar em fuga.
III
os mapas indicam saídas
mas quase nunca a entrada.
não sei como me aconteceu este país
rodeado de mar e de espanha por todos os lados.
não sei quem me vestiu estes olhos
ou me fez pertencer ao nome por que me chamam.
de meu
escolhi apenas o teu nome repartindo-me .
IV
o outono é um amante impiedoso
para mostrar o sangue da terra
desabriga-nos o coração.
V
onde eu nasci ficou o verão
e ninguém que o leve à boca
para me chamar.
VI
os lugares que piso
ficam mentais como as nuvens que sonho.
não sei se onde estou é chão
ou uma tímida vontade de céu.
VII
onde eu nasci
acredita-se que os mortos estão na vida
tanto como nós.
o que nos separa são diferentes graus de visibilidade.
quem não vemos mais
vê-nos melhor?
VIII
as vozes que amamos parecem eternas.
mas não o movimento das suas mãos,
nem a maneira cíclica como se penteavam cada manhã.
IX
fazer uma partida
não é o mesmo que fazer uma partida.
já parti e de mim partiram
tão irredutivelmente que nunca foi uma partida.
X
o único lugar onde não há vento é o útero.
morrer podia ser o regresso à ausência de vento.
XI
o que eu sei é a medida dos meus pulsos
ou a invenção do sorriso nos amigos.
sei dizer a cor do mar
e versos
que uso para encantar a noite de amantes.
o que eu sei não sobra
para te inventar perto de mim.
XII
(para r.)
quando sonha,
o meu cão agita-se numa imaginária corrida.
quando penso em ti
os meus olhos ficam da cor dos teus.
XIII
dedicar poemas
é tarefa vã.
escrevemos sempre aos mesmos rostos
e ao vazio que no peito não quer apagar-se.
XIV
ao acordar
é preciso guardar o primeiro pensamento
e esperar que chegue o rosto a quem o dizer.
iniciaram-se assimmuitas viagens
XV
partir é querer um diálogo.
1 Comments:
gostei mesmo muito.
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