tempo de antena
o momento serviço público deste blogue passará a integrar uma rubrica dedicada aos fatalistas distópicos que pululam pelos comboios suburbanos.
estes vencidos da vida costumam ter mais de 65 anos e revelar um afã prestimoso na leitura de encartes publicitários disfarçados de jornal diário.
ideologicamente são indistintos, proclamando o fim dos tempos, fazendo-se arautos do regresso à idade do ouro (que para esta população é o Estado Novo - ainda que não o saibam identificar sob esta designação) e a proclamação da sodoma e gomorra dos dias correntes.
a transcrição que se segue teve lugar na passada quarta-feira, entre s. bento e espinho. os solavancos do transporte ferroviário ainda se fazem notar:
portugal exagerou. veja lá que ontem vinha de caminhar por aqueles paus e tive de dizer: «ao menos deixai-nos passar, estás a dar-lhe respiração?». ele na pança dela, veja lá, e nós ali. (...) é uma desgraça, canalhinha nova, de 12 e 13 anos e as mães não pode dizer nada, é por isso que digo, quando nós partirmos o mundo já não deixa saudades.
5 Comments:
É só para dizer que o seu blog é constantemente lido por essa brasileira aqui.
Gosto muito mesmo...
excelente.
Alexandra, é nesses momentos que sua poesia salta aos olhos. Faz o leitor estremecer. Lindo poema! Não vejo como anotação de blog, mas como um autêntico poema, que pega o mundo pelas veias e o revela nestes entrechos, pequenos entrechos que se fazem histórico. Beijos, do admirador Heitor
ficou "histórico" no lugar de "históricos"... é a pressa de logo dizer quanto gostei deste petit poème en prose! Bjs, Heitor
Tenho aqui voltado assiduamente, mas não encontro ninguem. Mudaste de casa?
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