fredag, januar 28

mirror

as palavras que tenho para te chamar já aqui estavam, antes de nós. por isso chegamos sempre aos mesmos lugares: o que nos fica , depois da festa ou dos barcos, é silêncio.
e o meu silêncio são as palavras que só eu vejo.
e o que vejo é sempre outra coisa depois de mim: ver o mundo é saber como estou do lado de fora das coisas. procurar-te é insistir na possbilidade do discurso, ser um pouco mais como o vento se disser vento, ser um pouco mais como o mar se disser azul. mas as coisas ditas já não fazem acontecer as coisas, chegamos ao mundo tarde de mais, meu amor.
as palavras que tenho para te chamar já aqui estavam e o que sei do cansaço é muito parecido com o lado errado da palavra. a perfeição coexiste com a sua arbitrariedade, o erro com a sua causa e todos os caminhos começam na vontade de os atravessar.
o meu mundo é a minha vontade e tem mais caminhos que palavras porque até mesmo o erro tem possibilidades finitas.

No Celeiro